Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
O seu corpo perfeito, linha a linha
Derramava-se no meu, e eu sentia
Nele o pulsar do meu próprio coração.
Moreno, era a forma das pedras e das luas
Dentro de mim alguma coisa ardia
O mistério das palavras maduras
Ou a brancura de um amor que nos prendia.
Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
E longamente bebi os horizontes
E longamente fiquei até ouvir
O meu sangue jorrar na voz das fontes.
Eugénio de Andrade
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