terça-feira, 5 de julho de 2011

Descobrir nossa essência...

A cada nova manhã nossos ancestrais deixavam suas cavernas e saíam pelo mundo à procura de alimento. Ao fim de mais um dia de luta e labuta, retornavam felizes para suas cavernas, com a missão cumprida de prover o sustento de seus pares e seus rebentos. E assim levavam as suas vidas, até o dia em que alguma doença ou acidente ou a velhice lhes apontasse o fim da estrada terrena.

Nossos antepassados ainda não conheciam a arte da palavra, e lhes faltavam todas as inutilidades que hoje julgamos tão necessárias...

... mas algo nos diz que eles, vivendo segundo as leis da Natureza, eram felizes com o que possuíam. Se passaram tanto tempo, dos homens das cavernas; e de um modo similar aos tempos de outrora, hoje a cada manhã os homens deixam suas “cavernas” a fim de garantir o sustento de seus lares e seus rebentos. Talvez a maior mudança seja o fato de que hoje geralmente ambos, homens e mulheres, deixam a “caverna” a fim de garantir a subsistência da família.

É uma prática comum nos tempos presentes ver casais que passam o dia todo, todos os dias, fora de casa. Em tempos de consumismo desesperado, ninguém está satisfeito com o que tem. A regra é querer sempre mais e mais e mais...

Mas se ambos, pai e mãe, passam os dias sobrecarregados com mil afazeres, como fica a educação das crianças pequeninas? Um dia ainda haveremos de compreender que a televisão e a internet são péssimas companhias para crianças pequenas, que estão começando sua jornada pelo mundo.

Datam de milhares de anos os primeiros vestígios da utilização do fogo pelo homem. O fogo se tornou, nas mãos humanas, o primeiro meio para modificar o mundo, sendo a primeira forma de energia que conseguimos dominar. Um trovão, um vulcão ou qualquer feliz acaso levou nossos antepassados a conhecer o fogo, um precioso recurso contra o rigor do inverno.

Quantos séculos talvez se escoaram antes que os homens chegassem a poder ver outro fogo além do fogo do céu? Quantas vezes não o deixaram apagar antes de ter adquirido a arte de o reproduzir? Quantas vezes, em meio à noite escura, não se deixaram maravilhar pelas cores, pelas sombras, e pelo crispar da lenha?

Nos tempos presentes, quem é que ainda se maravilha diante da beleza do fogo?

Tristes tempos os nossos, tão pobres de encanto...

É doloroso constatar o quão pouco evoluímos de fato desde o tempo em que habitávamos as cavernas, há 500 mil anos. São tempos duros os nossos, nos quais de um lado vemos a corrosão das crenças, e do outro a manipulação do imaginário como arma de exploração pelas leis do mercado.

Há quem diga que precisamos mergulhar profundo na desilusão para podermos assumir o enfrentamento espiritual necessário para regenerar o ser humano e o mundo. Mergulhar sob a superfície dos dias e das horas, para tentar sondar a Essência que se oculta, e que não se revela aos sentidos. Buscar a espiritualidade pura e primordial que, sob o verniz da realidade, se esconde.

Esta existência terrena é apenas uma etapa de uma caminhada infinita. Ter ouvidos para o Silêncio do Transcendente, capaz de transformar os corações
e de mover o mundo. A força de um pássaro, a leveza de uma flor.

E o céu que nos evoca a sermos o melhor que podemos.

Um minuto, uma gota, uma nota, um instante...

“Um outro mundo é possível.”

Felizes os que se empenham por transformá-lo.

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