segunda-feira, 29 de outubro de 2012



ATRIZ

Não pactuo do palco da vida,
Menos ainda da comédia perniciosa
Que nada tem de verdadeiro em mim.
Nunca fiz e jamais o farei, pois nem sei atuar.
Meu lado cristalino esvaiu-se,
Morto em palavras que deterioram a vida.
Mas jamais fui atriz.
Jamais subi aos palcos da hipocrisia.
Não compactuo com estampas forjadas,
Nem com as máscaras dos atores da vida.
Valorizo-os, mestres que são em assumir papéis.
Mas não aprendi esta arte, não sei se lamento.
Mas continuo aqui, nos bastidores,
Labutando e perseverando como sempre.
Pela verdade absoluta.
E sou muito amada por meu lado autêntico.
Odiada também.
O mundo é feito de antagonismos.
Como saberia o que é um carinho 

se jamais tivesse experimentado a dor do dissabor?
Se agradasse a todos e fosse santa
Já teria partido do planeta Terra e seria canonizada.
Mas sou pecadora sim, como todos nós.
Só não sou atriz.
Não sei atuar... falha minha.
Perdoem-me.
Sou assim.
Simplesmente eu,
uma mulher sensível e crédula, como outra qualquer.

(Tânia Lemke)

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